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Projeto de apadrinhamento afetivo ajuda menores na reinserção no ambiente familiar
Jornal Cruzeiro do Sul
O projeto tem possibilitado a casais que buscam adotar um filho, ou, simplesmente, ajudar crianças nesta situação, a chance de ter um contato mais próximo e duradouro com menores que sofreram pelo abandono dos pais ou pela violência no convívio familiar.
 

Um projeto, concebido para a entrega de presentes no período de Natal e realizado pela Associação Bethel Casas Lares, ajuda a mudar a vida de crianças e adultos no decorrer de todo o ano. Buscando efetivar um encontro entre casais que procuram pelo carinho e a alegria, típicos da presença infantil, e dar a crianças o conforto e a proteção de um pai e de uma mãe, o projeto "Apadrinhamento Afetivo" ocorre há três anos na cidade de Sorocaba. "A princípio, éramos um orfanato. Hoje, somos uma casa lar, que ajuda na reinserção dos menores no ambiente familiar", explica a coordenadora do local, Ana Lúcia Gardenal Beranger.

O projeto de "Apadrinhamento Afetivo" tem possibilitado a casais que buscam adotar um filho, ou, simplesmente, ajudar crianças nesta situação, a chance de ter um contato mais próximo e duradouro com menores que sofreram pelo abandono dos pais ou pela violência no convívio familiar. Não se trata, contudo, de uma iniciativa que busca encontrar novos pais para estes menores, "mas sim de vinculá-los a outras famílias, com um ambiente saudável", enfatiza a psicóloga responsável pelo projeto, Shirley Caroline Hassan. Com a iniciativa, de acordo com ela, é possível fazer com que as crianças voltem à família de origem ou mesmo sejam adotadas por familiares mais próximos.

A ideia, de acordo com as coordenadoras, surgiu em um projeto de Natal. "A gente entrava em contato com as pessoas, fazíamos uma grande reunião e as crianças recebiam lembranças dos padrinhos. O vínculo não era o foco", conta a psicóloga. No entanto, segundo ela, percebeu-se a importância das crianças também contarem com o apoio das famílias no decorrer do ano. Assim, o projeto deixou de ser específico do Natal para se tornar uma relação de afeto contínuo.
Os resultados, de acordo Shirley, são positivos e podem se estender até mesmo depois das crianças retornarem às suas famílias de origem. "Temos o caso de uma madrinha que, mesmo depois das crianças voltarem às suas casas de origem, continua a dar apoio afetivo e, até mesmo, material", revela. Os padrinhos acabam sendo uma nova referência familiar, que colabora no processo de crescimento e aprendizado dos menores", acrescenta a psicóloga.

Além do presente

Ir além da simples entrega de presentes foi o que mobilizou o jovem casal Adam Conservani, 23, e Gabriela Nunes, 19. Foi através de um amigo que eles descobriram o projeto realizado pela Associação Bethel Casas Lares. Assim, logo procuraram a casa para buscar o treinamento, essencial para integrar o projeto. Em pouco mais de um mês, graças ao rápido vínculo que estabeleceram com uma menina do lugar, eles já estavam preparados para levar a pequena para passear.
"Nós adoramos o projeto porque não é só dar presente o que ajuda. É preciso dar amor, que é o que mais estas crianças precisam", conta Gabriela. O casal já se encontra com a criança- por conta do processo judicial em andamento, não pode ser revelado o nome - todos os finais de semana. Segundo ela, a menina, de 9 anos, se dá muito bem com a filha do casal, de apenas 7 meses.

Interessados

De acordo com as organizadoras, atualmente, a Associação Bethel Casas Lares conta com 24 crianças. Destas, sete participam do projeto e podem passear com seus "padrinhos" aos finais de semana. "A maior parte acaba de chegar à casa", afirma Ana Lúcia Beranger. Assim que estiverem preparadas, as recém-chegadas também vão poder conhecer os casais que procurarem a casa e, consequentemente, estabelecer um vínculo com algum deles. 
O processo não é rápido, como explica a psicóloga Shirley Hassan. "Os casais interessados irão passar por um processo de avaliação e, depois, por um treinamento", afirma. É necessário, ainda, que haja o interesse por parte da criança, e não apenas do casal.

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